sábado, 19 de setembro de 2009

Da beleza de se fazer o que gosta...

Hoje acordei na madrugada, a ansiedade da mudança.. de casa, de tudo, mandou lembrança lá pelas cinco da manhã...
Vim para o computador, fechei a porta para não acordar ela...ensilhei um mate... e fui andar pelo Youtube.
Estava no momento "gitano".. passeei entre guitarras e violinos... e então me lembrei de um filme, há muito visto o DVD...
O filme em sí não tem nada com o que mais me tocou.
É uma história dos EUA dos anos 50.. um Americano, filho de Judeus, perde a esposa e fica sozinho com a filha pequena...
Woopy Goldberg aparece e a vida muda..
O filme chama-se "Corina, Corina", a trilha tem esta mesma música, nome da personagem de Woopy..
O que mais me marcou no filme é um cena, curta, de 30 segundos.
Esta cena me transmite a beleza de se trabalhar com o que se gosta.
É poética, tocante, uma imagem que me toca profundamente.
Eis ali uma pessoa que amava seu trabalho...
Vamos situar a imagem.
O filho chega para  pai, já bem velhinho e surdo... Bem humorado, mas demonstrando claramente que seus dias chegaram ao fim..
Ele foi violinista, e pelo sotaque da mãe, pois ele não fala, devem ter passado poucas e boas na vida... não fica claro se são sobreviventes de  algum campo de concentração, ou já estavam nos EUA antes da Shoah...
O filho coloca a mão no ombro do pai e pede:
"De-me um dó!"
A imagem que se segue é de indescritível prazer para o pai.. e para mim.
Vá ao link, e veja o que é um homem que ama o seu trabalho.
São apenas 30 segundos..


http://www.youtube.com/watch?v=KKhCv-0S1yo&feature=PlayList&p=5CFF7F05DEDEF5E3&index=10&playnext=11&playnext_from=PL#t=178
Tenho a sorte de amar o meu trabalho... de fazer o que gosto...
Consigo entender aquele soriso!
Vamos dormir, pois ainda tem tralha para levar para a casa nova...
Verei a primavera chegar, sentado na minha varanda, com uma cuia cheia de mate amargo!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

E morreu a Mary

O grupo Peter, Paul and Mary foi um importante trio nos 60 e 70, junto à musica folclórica norte americana.
Sempre tive o gosto por este tipo de música, e quanto mais ouço e mais conheço sobre este movimento, mais me surpreendo com bandas da época.
Conheci inicialmente Dylan, Joan Baez, Creedence, the Byrds e Lynyrd Skynyrd.. na era LP..
Peter, Paul and Mary foi mais tarde, já na era youtube...
Suas interpretações de letras de Bob Dylan e Pete Seeger são fantásticas e profundamente tocantes.
Eles tocaram inclusive no 4 de julho de 1971, na marcha pela paz..
http://www.youtube.com/watch?v=q8U6Oh9uSY8

Mary faleceu nesta quarta feira, 16/09/09, aos 72 anos, de leucemia.. Sua voz ainda impressionava nas apresentações de 2004.. as mais recentes que encontrei no Youtube..
São as minhas preferidas:
Blowing in the wind,
http://www.youtube.com/watch?v=3t4g_1VoGw4&feature=related

If I had a Hammer,
The Great Mandala,

Puff - The Magic Dragon,
http://www.youtube.com/watch?v=Wik2uc69WbU&feature=related

Leaving in a Jet Plane,
http://www.youtube.com/watch?v=HIshbtQ6LqA&NR=1

Where have all the flowers gone?
http://www.youtube.com/watch?v=pYii6nxhvUk&feature=related

Sempre pensei que "One Tin Soldier" fosse deles, ou houvesse alguma interpretação deles... mas me enganei.. The Original Castle cantava na época... http://www.youtube.com/watch?v=J7jHp7OchP0
Há uma versão no Youtube, em desenho animado acompanhando a letra, http://www.youtube.com/watch?v=cTBx-hHf4BE&feature=related

Estas músicas, suas interpretações e letras dão uma boa idéia de como havia um sentimento de necessidade de mudança.. e que propiciaram realmente uma mudança..
Foram pessoas e pensamentos daquela época, representados em letras como a de Pete Seeger de "If I Had a Hammer", escrita em 1949 e que virou símbolo pelos direitos civis, e "Where have the flowers gone?", creio que de 1956 com sua letra maravilhosa que embalaram os sentimentos e levaram ao fim da segregação racial nos EUA, e uma reação à cultura militarista nascida no pós II Guerra.
Pode ser ainda os ataques de "polyannismo" que eventualmente tenho, já que ainda vivemos os reflexos da era guerreira do Bush,... mas, pessoas como estas, se não garantiram um mundo melhor, refrearam a sanha por fazê-lo pior!

Rest In Peace Mary, and send our best wish to Our Lord!!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O tiro no pé.

As opiniões aqui são de um mero usuário.. Ou seja, não fiz cálculos nem business plan.. eu só sou o cara que usa o serviço..

Sou do tempo que se tomava whisky em avião. Algumas vezes desci em Congonhas, Guarulhos, Brasília ou Florianópolis, meio balão. Resultado da diferença de pressão e do álcool.

Mas estes são tempos passados. Afundadas em má gestão empresas acabaram, e o que resta da VARIG hoje, é um nada de seu passado.

Lá pelo início dos 2000 começaram a desaparecer as garrafas de Whisky, Campari, e o meu querido “Blood Mary” parou de ser feito, com a seca da Vodka.

Até aí, tudo bem. Alguns não sabem beber.. Outros não sabem parar... Hoje, muito eventualmente encontramos cerveja em um vôo mais longo, digamos BSB para RJO..

Mas com o tempo desapareceu o lanche, antes trazido em maletinhas plásticas, que faziam a alegria dos filhos mais pequenos. Hoje se resume a barras de cereal e eventualmente um sanduiche.

OK, Avião é prá voar... Telefone é para falar...

Não, não é... Telefone é prá falar, bater foto, entrar no Twitter, etc..

O avião, antes uma experiência semelhante a um “one day SPA” , passou a ser algo semelhante a um ônibus. É interessante que já se fala de “viajar em pé”, usando uns poleiros... Coisa que nem a Transbrasil fez (é bom lembrar que ela nasceu de uma divisão da Sadia, e alguns a acusavam de “ainda transportar carne”).

Aparentemente o avião perdeu este glamour, e somado ao geral mau serviço prestado pelas empresas, controlado por uma estatal e fiscalizado por um poleiro político, o ato de viajar de avião pode eventualmente ser comparável às antigas filas do INPS.

Aqui temos uma coisa interessante: Durante a crise que ainda vivemos, o mercado de luxo cresceu 8% no Brasil. Onde foi que o avião, e o ato de voar, deixaram de ser luxo?

Como reconquistar este “luxo”, sem abrir mão da escala que se formou do plano Real para cá?

Isto, a meu ver, é um trabalho “à dois”. Empresa aérea e aeroportos.

É fato que a estabilidade da moeda permitiu a queda dos preços, e com isto o aumento da escala. Isto é ótimo, pois mais gente, inclusive as de classes menos favorecidas, passaram a usar o avião como meio de transporte. Portanto a aviação, em especial a nacional, deixa de ser um produto de luxo, para ser um produto de escala. Mas mesmo entre produtos de massa, ocorrem os “premiuns”.

Compare um Big Mc a um Big Apple. São ambos hambúrgueres, mas a diferença está além do preço de um ou de outro. Ela está no ambiente, no atendimento.

Primeiro há que se definir o que seria “luxo” neste mercado. Creio que ele se resumiria hoje a bom atendimento e a atendimento diferenciado.

Não sei se a existência de uns poucos acentos da “primeira classe” em vôos de pouco mais de uma hora se justifiquem. Mas as salas VIPs, para clientes “premiun” podem muito bem substituí-las

Com o crescimento da insegurança, uma sala vip, com atendimento básico diluído na tarifa do vôo, e um atendimento extra cobrado podem trazer receitas e satisfazer clientes.

Hoje o que se considera básico é:

· Um local que se possa abrir o laptop, ou seja, uma boa mesa e uma boa cadeira.

· Um sanitário limpo, com possibilidade de um sanitário infantil. Eu sou pai separado.. de uma menina. Alguém aí sabe como fazer quando ela quer ir ao banheiro, tem medo, e você não pode entrar pois só tem banheiro Feminino e masculino?

· Uma rede WiFi.

· Água! Refrigerantes e café “espresso” podem ser opcionais, cobrados ou não. Um bar, montado pode ser uma fonte de renda extra. Mas água é fundamental.

· Avisos na sala dos vôos, seus atrasos e suas mudanças.

· Deslocamento. Nem sempre vale a pena se deslocar de taxi. Ônibus, saindo de pontos como Shopping Centers podem inclusive agilizar os serviços de check-in, o cliente embarcado já pode ter algumas coisas básicas feitas, tais como validação de documentos para que usa web check-in, ou o check-in mesmo. Com a banda larga móvel, uma atendente com um smarphone resolveria muito, e já enviaria para a as filas apenas quem tem mala para despachar. Notem que nem falei em pesar as malas previamente no “ponto do Shopping”. Fica para “um plus a mais”.

· Atendimento doce. Ok, aeromoças (hoje chamadas de comissárias de bordo) passaram a fazer parte das fantasias sexuais. Isto as revolta, mas não justifica que o atendimento não seja “doce”. Ou seja, agradável. Hoje o atendimento é policialesco, afinal o passageiro pode estar escondendo um celular ligado. Tá faltando o básico, a educação. Dos funcionários da empresa aos do aeroporto.

· Estacionamentos com acessibilidade, facilidade de movimentação, pois mesmo que o cliente não chegue de cadeira de rodas, ele chega com uma mala com rodas.

o Alguém é usuário do Viracopos aí??

· Embarque e desembarque de taxis. Lamentavelmente o taxi em aeroporto é uma máfia, protegida pela administração dos mesmos. Esquecem-se, todavia que as empresas fazem contratos com cooperativas, e o uso de “vouchers” é normal. Por que é que eu tenho de descer no Santos Dumont e ir para debaixo do relógio, sob sol ou chuva, para pegar o taxi da cooperativa que me atende? Ou ir para a área de embarque do Galeão para pegar meu taxi?

o É necessária uma área, segura, para que se possa esperar o taxi de cooperativa. Operacionalizar isto é fácil, eu sei o número e a empresa do taxi que vai me buscar, passada estas informações, só aquele taxi irá me buscar.

o O diabo aqui é que discutem se a área do taxi é municipal, estadual ou federal... A área do taxi é do cliente que está usando o raio do aeroporto, e por sinal, paga para isto.

Quem sabe se com isto uma viagem aérea não volta a ter um certo “glamour”... Sempre lembrando que o “glamour” é bom para os negócios...

Mas o propósito de escrever este post foi o de comentar o “case” negativo da GOL.

Esta semana iniciaram o piloto da cobrança do lanche a bordo.

O relatado no Jornal, no meu caso a “Folha de São Paulo”, é uma triste sucessão de erros por parte da empresa. Erros repetidos.

Avisaram o no check-in, se é que avisaram direito, que o lanche seria cobrado. Em vôo, algumas pessoas não concordaram, ou nem sabiam que este lanche seria cobrado.

Primeira impressão do Cliente, “Mesquinharia”.

Segunda impressão do Cliente, “Desorganização”.

Na hora de servir, alimentos e dinheiro manipulados pela mesma pessoa.

Terceira impressão do Cliente, “Porcos”.

Ao reclamar, o Cliente passa a ser ameaçado. O Comandante, “vítima de um surto de General da Banda”, ameaça descer o avião em outro aeroporto e chamar a Polícia Federal para prender uma senhora (médica) que queria passar um abaixo assinado.

Quarta impressão do Cliente, “Nazistas”.

Vejamos então a situação: Em um vôo de pouco mais de uma hora a Empresa conseguiu uma propaganda negativa que além dos óbvios efeitos, pode acabar com um bom negócio futuro.

A empresa alega que fez pesquisas, e que os passageiros aprovaram a idéia de cobrar o lanche.

Alega ser iniciativa inédita no Brasil, inédita e mal planejada.

Acho que eles deveriam antes bater um papo com quem entende “do riscado”, e planejar melhor o operacional da cobrança e distribuição.

Deveriam deixar claro no ato da compra da passagem, e não no momento de check-in.

Deveriam dar opções, pois quem foi despreparado, e contando com o lanchinho, ficou com fome até destino.

Deveriam treinar os comissários a serem comissários, e não “amigo de um policial que eu vou chamar para te bater”. Não sei se vocês sabem, mas a carreira do Wilson Simonal foi pro brejo por uma confusão destas. Tenha ele feito, ou não feito, o que foi falado.

Não sei bem o porquê, mas me lembrei da história da Coca-Cola “mais doce”.

No fim dos anos noventa a Coca-Cola fez uma pesquisa com seus consumidores e “descobriu” que eles aprovariam uma Coca-Cola “mais doce”.

Na hora que foi para o mercado, deu um forró-bodó tão grande que restou a pergunta:

Que raio de pesquisa de mercado vocês fizeram?

Pessoalmente acho que se faz muita pesquisa de mercado para “dar” o que o diretor quer. Algo semelhante aos planos qüinqüenais da era Stalinista. Se torciam e distorciam os dados para o “Grande Líder”, mas “o mujique continuava a passar fome” .

O mujique hoje somos nós, os Clientes... Que apesar de eu fazer questão de escrever com o C maiúsculo, continua sendo destratado e desprezado.

E a turma que faz isto está entre os melhores “estudados”.

Como dizia o meu avô:

”Alguns estudam para Burro, meu neto...”

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Para os Gerentes.. não se esquecerem

http://www.youtube.com/watch?v=CABsgXUyClE&NR=1&feature=fvwp

Pré-Sal-Brás

E vamos nós lá de novo...

Fazia tempo que não me lembrava daquela piada de “inferno brasileiro”.. Um dia faltava balde... Outro, excrementos...

Estamos acostumados com uma eficiência não vista nos tempos de Estatal. E é bom registrar aqui que trabalhei na “Viúva Telebrás”, e conheci um pouco como eram feitas as lingüiças.

A comparação não é tola, se não tivéssemos privatizado, estaria eu ainda esperando meu Trabant.. digo, celular.

Não vejo no mundo, tirando a Noruega, um país que tenha sido abençoado com o petróleo... Obviamente somos um país e uma sociedade mais complexa que a Venezuela, Equador ou Bolívia, para citar os três países próximos, mergulhados em ditaduras, dissimuladas ou não..

Não me esqueço das aulas de História, os ciclos da economia nacional, baseados em extrativismo. Não entendam que acho que corramos o risco de virar um simples exportador de petróleo, que depois do ciclo do gado e da cana teremos o ciclo do petróleo...

Pelo contrário, haverá um grande impulso para a indústria nacional, incluindo aí parcerias internacionais.

Mas parte da maldição do ouro negro já começou.

Estão criando mais um poleiro para afilhados políticos. Mais um cabide de emprego para correligionários. Maço de cenouras a ser abanado para trocas de apoios.

Mais munição para a nossa política, tocada por sanguessugas.

O modelo de Estatal já foi mais que demonstrado que não é eficiente, ao menos pensando do ponto de vista econômico, social e empresarial... Obviamente que do ponto de vista do “negativo-franciscano” o famoso “É dando que se recebe” a eficiência é próxima de um moto-contínuo.

Já temos uma Empresa, a Petrobrás. Já temos de limpar ela dos cabides políticos, dos afilhados nas diretorias... Da canalha que se apropriou de postos em detrimento de elementos técnicos, de carreira, competentes.

Lembrem-se do Severino, dizendo que “eu quero aquela que fura poço”...

Agora ele deve querer aquela que fura sal.

O teatro armado ontem, claramente com fins eleitoreiros, conta com o ovo na cloaca da galinha.

Há muita esperança no ar, e ela que só não serve para sogra, acaba nos cegando.

Quem garante que o petróleo estará aos 100/150 Dólares o barril daqui a 10 ou 15 anos?

Parafraseando o príncipe Árabe, Ahmed Zaki Yamani, “a idade da pedra não terminou por conta da falta de pedras”.

As novas tecnologias, mais limpas e economicamente cada vez mais viáveis estão aí. De carro a ar comprimido (http://www.guynegre.net/) até as células de combustível, carros a hidrogênio, conceitos de matriz energética mista.. Células foto-voltaicas mais leves, mais eficientes e mais baratas. O fato é que cada vez mais formas alternativas de geração de energia, e conseqüentemente de movimento, estão aí.

Cada vez mais baratas e dissociadas de regimes totalitários.

Ok, o Evo está sentado em cima de uma imensa reserva de lítio, mas não creio que seja a única do planeta.

Nunca se deixará de se precisar de petróleo, ele não gera apenas gasolina, mas seu uso vai perder o “carro chefe”... Será que com uma baixa demanda ainda será economicamente viável extrair de “onde o homem jamais esteve”?

Resumindo meus medos: Mais uma Estatal, mastodôntica.. Mais cabide de emprego.. Mais demora nos processos, e um mundo mudando por aí.

Os tempos estão mais curtos. Se a “Pré-Sal-Brás” bobear, quando chegar o petróleo, não teremos o que fazer com ele. E o molho vai sair mais caro que o peixe.

Fico aqui, com meu “Espírito de corvo”, a crocitar..